Alice


Passei todo esse tempo em uma luta onde eu não sabia quem era meu adversário. Não escolhi entrar no campo de batalha, na verdade eu preferia estar trancada no meu quarto lendo um bom livro enquanto ouvia uma playlist legal, tentando fugir da realidade. Essa coisa chamada viver me assustava, ou talvez o que realmente me deixava assustada era não saber o que tinha lá na frente, do outro lado. Somei minhas forças, juntei tudo o que tinha e marchei decidida a vencer, lutar contra o mundo, mas na linha de frente fui surpreendida: aquilo era meu reflexo?

Descobri que todo esse tempo estive passando por uma luta interna: lábios cerrados com um turbilhão de palavras explodindo no peito e escapando no papel. A vida era um enorme ponto de interrogação. Eu não tinha ideia de onde estavam as respostas, mas finalmente havia cultivado coragem o suficiente dentro do peito para ir em busca delas. Talvez queriam me fazer entrar em uma caça ao tesouro, onde eu não tinha ideia sobre o que era, nem mesmo tinha certeza se valia o esforço.

Me perguntei onde estava aquela menina cheia de sonhos e projetos grandes, sedenta por transformação, com o desejo de fazer do mundo um lugar melhor e descobrir sua verdadeira essência. Será que ela se perdeu naquela floresta que crescia dentro do verde dos seus olhos? Ouvi dizer que o sol brilhou sobre as árvores, espero que ela use a LUZ como guia para encontrar o caminho. Mesmo acreditando que as pessoas e ambientes que a cercavam tinham influência sobre as coisas, que ela precisava se encaixar nos padrões, finalmente descobriu que o coração dela é a verdadeira porta e a chave certa são as escolhas que ela fará daqui por diante.

Cercada de faces desconhecidas, perdida dentro de um mundo que gerava nela um sentimento alienígena. Não era Alice, mas criou o próprio País Das Maravilhas. Ficou trancada em uma bolha, pois tinha medo do que iria encontrar se passasse através dela. No fim, não teve escolha, foi jogada em um labirinto, caiu contra o chão e acabou se sentindo mais perdida ainda em meio aos corredores, ruas e prédios estranhos. Infelizmente, sua zona de conforto se dissolveu antes que ela pudesse se adaptar a tudo. Mas ela acabou notando que sempre houve Alguém guiando-a por todos esses caminhos.

—  Ei, garota, se estiver me ouvindo e pensar que perdeu a guerra, você está enganada. Sabe esse joelho machucado e esse cotovelo dolorido? Grande parte dessas tempestades te deixaram cicatrizes, as marcas que ficaram, fizeram de você o que é, elas servem pra te lembrar de onde você veio e te fazer pensar: você quer regressar ou avançar? A parreira dá seus melhores frutos em meio a transição entre o calor escaldante e tempestades congelantes. Você sobreviveu a tudo o que enfrentou. Vai desistir agora? Você sabe que Aquele que não perde nenhuma batalha nunca vai te deixar só. O caminho é difícil, sim, ninguém disse que seria fácil. Seu coração era ingênuo demais para imaginar a quantidade de desfiladeiros que haveriam ao longo do percurso.

O Senhor está com a mão estendida, querendo te mostrar como são lindos os planos que ele tem pra você e aonde Ele quer te levar. Siga sua jornada e lute pela vida verdadeira, foque nas coisas do alto e prossiga, ainda há uma longa estrada para percorrer. 

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